Governo brasileiro planeja criar sistema de geolocalização próprio para reduzir dependência externa
O governo federal estuda a criação de um sistema nacional de geolocalização por satélite, uma espécie de “GPS brasileiro”, com o objetivo de reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras como o GPS (dos Estados Unidos), o Galileo (da União Europeia) e o BeiDou (da China).
O projeto, ainda em fase de estudo e planejamento, faz parte de uma estratégia mais ampla de soberania tecnológica e segurança nacional, especialmente em setores estratégicos como defesa, agricultura, transporte, telecomunicações e infraestrutura.
O que está em discussão
Segundo fontes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o plano prevê o desenvolvimento de uma infraestrutura própria de posicionamento por satélite, com dados operados por centros nacionais. A ideia é que, no futuro, serviços públicos e áreas críticas possam operar de forma independente de sistemas estrangeiros, principalmente em situações de emergência, conflitos ou instabilidade geopolítica.
Além da segurança, o projeto visa impulsionar a indústria espacial brasileira, com estímulo à pesquisa, à inovação e à produção de componentes e satélites no país.
Por que criar um “GPS brasileiro”?
Atualmente, o Brasil como a maior parte dos países depende de sistemas globais de navegação operados por outras nações. O Global Positioning System (GPS), por exemplo, é controlado pelo Departamento de Defesa dos EUA. Em cenários de conflito ou decisão estratégica, esses sistemas podem ter o sinal restringido, degradado ou até interrompido para certos usuários.
Com um sistema nacional, o Brasil buscaria maior autonomia tecnológica, além de garantir continuidade de serviços essenciais, como monitoramento de desastres, navegação aérea, controle de frotas, logística e operações agrícolas de precisão.
Referências internacionais
O movimento do Brasil segue uma tendência já adotada por outras potências. A União Europeia, por exemplo, opera o sistema Galileo, enquanto a China tem o BeiDou e a Rússia o GLONASS. Todos esses sistemas foram criados justamente para não depender exclusivamente do GPS americano.
Segundo especialistas, desenvolver um sistema próprio exige alto investimento, infraestrutura complexa e cooperação internacional, mas representa um salto estratégico para a soberania digital e espacial de qualquer país.
Próximos passos
Embora o projeto ainda não tenha data de início, o governo já estuda parcerias com universidades, agências como a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), além de buscar apoio orçamentário e técnico para viabilizar o programa.
Também há expectativa de que a iniciativa seja incorporada ao Plano Nacional de Internet das Coisas e à agenda de transformação digital do país.
A criação de um sistema brasileiro de geolocalização por satélite representa um passo importante rumo à soberania tecnológica e ao fortalecimento da infraestrutura digital nacional. Embora desafiador, o projeto sinaliza uma estratégia de longo prazo para reduzir riscos, estimular a inovação e preparar o país para um futuro cada vez mais conectado e digitalmente dependente.





